Foto de uma estátua de Buddha, segurando moedas sobre seu colo, representando a economia budista. No fundo, algumas árvores.

O que é economia budista?

O que é economia budista?

Normalmente, linhas de pensamento econômicas não são associadas a religiões. Apesar disso, não significa que ambas não possam coexistir harmonicamente, e completar uma a outra. Neste artigo, vamos entender um pouco mais a respeito da economia budista. Explicaremos como ela surgiu, como pode ser aplicada no contexto atual, e quais as principais vantagens em segui-la. Vale ressaltar que a economia budista não é exclusiva dos budistas, e sim uma teoria econômica independente, que apenas “pega emprestado” princípios desta religião.

O surgimento da economia budista

O termo foi cunhado pela primeira vez por Ernst Fritz Schumacher, no livro Asia: A Handbook, em 1966. Posteriormente, o artigo apresentando a economia budista ao mundo se tornou um capítulo de seu livro Small is beautiful: Economics as if people mattered. Apesar de já terem se passado mais de 50 anos desde essas publicações, a temática não poderia ser mais atual frente à crise do capitalismo que vivemos.

Schumacher foi um pensador econômico, estatístico e economista inglês. Ele se dedicava a pensar sobre questões relacionadas à exploração dos recursos da natureza, além de questionar o vazio existencial que a sociedade tentava suprir por meio do consumo. Ainda, se inspirou muito em Mahatma Gandhi, com sua filosofia pacifista e suas visões acerca do desenvolvimento econômico.

Nesse contexto, em 1955 Schumacher foi convidado a ir para Burma (hoje Myanmar) pelo Primeiro Ministro U Nu. Sua função era avaliar a economia do país e propor maneiras de desenvolvê-la. No entanto, quanto mais conhecia e se relacionava com a população local, ele começava a se perguntar se realmente era seu papel instruí-los sobre o que fazer, já que em sua visão eram pessoas mais felizes e melhores do que as ocidentais. Schumacher chegou a conclusão de que os birmaneses teriam melhores chances de serem bem-sucedidos seguindo sua própria natureza. Ainda, concluiu que o Ocidente poderia aprender com isso. A partir dessa experiência nasce a economia budista, redefinindo o conceito de sucesso, não sendo mais baseado em consumo e status.

De acordo com Gandhi, a economia surgiu com o intuito de trazer propósito para a vida, para as relações humanas e para as trocas comerciais, porém tomou um caminho muito materialista. A solução para essa questão seria incluir a espiritualidade nessa equação, construindo uma perspectiva mais holística da economia.

O que é e seus princípios básicos

A economia budista é a abordagem espiritual e filosófica para o estudo da economia. Ela foca em examinar a psicologia humana e as emoções que guiam a atividade econômica. Seus princípios expõem o que é nocivo ou benéfico em relação à produção e consumo de bens e serviços. Seu objetivo é tornar os seres humanos eticamente maduros, sendo interdependentes entre si e com a natureza. 

O budismo em si é uma religião que busca o “caminho do meio”, a simplicidade e a não-violência. No contexto econômico, isso se aplica na crença de que o bem-estar pode ser atingido com o mínimo de consumo e de que o materialismo não é uma prática racional. Dessa forma, a economia budista valoriza produtos que causem a menor destruição e violência contra o meio ambiente, e que não incentivem o desperdício. Na prática, isso significa se opor à extração de combustíveis fósseis, colaborar contra conflitos internacionais sobre reservas escassas de gás natural, incentivar o uso de energias renováveis e promover o consumo local ao invés das práticas da globalização. De acordo com Schumacher, essa linha de pensamento econômica não necessariamente opta pelo que é mais barato no mercado, mas sim para o que melhor cumpre seu papel de simplicidade e não-violência.

Principais valores

Quando refletimos sobre o cenário econômico atual podemos compará-lo com a economia budista da seguinte maneira: o primeiro foca na produção em massa, enquanto o segundo pensa na produção pela massa. Ou seja, a economia ocidental é violenta, desumaniza as pessoas e não é ecologicamente amigável. Enquanto isso, a economia budista fornece dignidade e propósito, estreitamente relacionamentos entre indivíduos e nações. Ainda, ela foca na qualidade de vida do povo, mensurando saúde e criatividade tanto quanto a quantidade de produção e consumo. 

O modelo econômico proposto por Schumacher também se inspira no budismo e segue 3 valores principais, entrelaçando as esferas do indivíduo, da sociedade e do meio ambiente:

  • Dar ao humano uma chance para conhecer, utilizar e desenvolver suas aptidões;
  • Superar seu egocentrismo se juntando a outras pessoas em um propósito comum;
  • Produzir bens e serviços necessários para nossa existência.

Em resumo, a economia budista trata de encontrar o caminho do meio do desenvolvimento, entre a negligência materialista e a imobilidade tradicionalista. Ou seja, tenta descobrir o “meio de vida correto”, ou right livelihood, no termo original em inglês.

Há espaço para a economia budista no mundo capitalista em que vivemos hoje?

Vivemos em um planeta com recursos cada vez mais limitados, ou seja, precisamos usá-los de maneira mais eficiente. Dessa forma, teremos mais recursos disponíveis por mais tempo, menos competição por eles entre os países, além de menos violência e destruição do meio ambiente. É exatamente nisso que a economia budista acredita. Ela valoriza recursos naturais e renováveis tanto quanto os não-renováveis. No entanto, esses últimos só devem ser usados com base em planejamentos meticulosos, apenas quando muito necessário e com extremo cuidado. No cenário de destruição ambiental que estamos, essa proposta se torna interessante, podendo definitivamente se encaixar nos nossos planos para o futuro.

A economia budista também leva em consideração “stakeholders primordiais”, como as futuras gerações e o mundo natural, ao definir suas políticas e prioridades. Enquanto isso, a economia moderna ocidental não os considera relevantes, já que são grupos sem nenhum poder de compra ou influência de produção. Isso agrava crises climáticas, além da poluição e enorme desperdício de bens e produtos. Agora imagine se todas as nações e grandes corporações do mundo também adotassem a abordagem budista, com certeza teríamos uma natureza mais saudável.

As vantagens da economia budista

Além de proteção e preservação do meio ambiente que já comentamos, a economia budista é uma grande aliada das economias e produções locais. Ao incentivar o consumo local, também é possível promover o empoderamento econômico da comunidade da região, reduzir o gasto energético em processos logísticos, estreitar relacionamentos entre a população que consome e que vende, e ainda garantir produtos mais frescos, potencialmente com mais nutrientes.

Inclusive, de acordo com um estudo feito pela New Economics Foundation (NEF), quase o dobro do dinheiro continua na comunidade quando as pessoas consomem localmente. Então, para manter a economia local viva, é fundamental incentivar o consumo regional. 

Outra vantagem da economia budista é que não há necessidade de abrir mão do crescimento econômico ou de valores espirituais para o desenvolvimento. A beleza dessa linha de pensamento é justamente o equilíbrio das forças econômicas, e da busca pelo bem-estar.

Schumacher acreditava na construção de um caminho que harmonizasse o lado espiritual com o material, a produtividade com a satisfação pessoal e a rentabilidade com uma economia que cuidasse do planeta. De acordo com ele, a necessidade de fazer negócios tendo apenas o lucro como motivação não era saudável, já que tirava a humanidade e o planeta do equilíbrio. Com isso em mente, o Yiesia busca ajudar o seu negócio a encontrar qual é o caminho mais harmônico para você, seu meio de vida correto, independente da sua religião. Entre em contato conosco!

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